Ola, meu nome é Gabriel Brito Kohler, tenho 31 anos e moro em Guarapuava/Pr. A cultura da doação é muito presente na minha família, desde criança tenho lembranças de moradores de rua pedindo na casa dos meus avôs e minha irmã e eu indo levar comida para eles. Esses pequenos gestos na infância moldaram uma parte do meu caráter, e sou muito grato a Deus por isso. Gostaria de destacar uma história que marcou muito a minha vida, não só como “doador”, mas como ser humano, descobri limites que pude quebrar e uma força que não sabia que tinha. Em 2014 Guarapuava foi acometida por enormes enchentes deixando centenas de desabrigados. Foram centralizados em duas igrejas dois pontos principais de coletas e eu me voluntariei a participar de uma. Foram cinco dias muito intensos. Muitas famílias não tinham onde dormir, onde comer, pessoas perderam tudo, tudo foi levado pela força da natureza. No meio de toda essa tragédia, pudemos ver o quanto o ser humano pode ser bom. Pessoas que perderam tudo estavam lá ajudando outros, doando seu tempo e boa vontade para que outros pudessem ter um pouco de paz, esperança e conforto. Pessoas de todas as classes sociai chegavam e se ofereciam para ajudar, as vezes não tinha o que elas fazerem, elas ficavam lá conversando, dando atenção, e a gente percebia a diferença que isso fazia em quem estava sofrendo com tudo isso. Comida, enormes quantidades chegavam todos os dias, deu para alimentar todos e mais ainda, relatos que nunca comeram tão bem em toda a vida. A comunidade se mobilizou verdadeiramente para ajudar a todos. Cada um achava uma forma de ajudar, o pipoqueiro da foto, saiu do seu ponto diário e foi lá fazer pipoca para as crianças durante o dia todo, a cozinha sempre estava lotada de pessoas trabalhando desde cedo, as escolas iam ajudar cuidar das crianças para que os pais pudessem limpar as casas, os universitários ofereciam ajudas de acordo com o seu curso, foi realmente lindo. Guarapuavano tem algo muito especial quando é para se doar, ele faz de coração mesmo, e aquela semana pôde perceber isso. Descobri em mim traços da minha personalidade que não tivera oportunidade de usar em outras situações, e uma força de vontade que ainda não conhecia. Foi muito difícil passar esses dias la, mas consigo olhar para trás com muita alegria, mesmo sendo através de uma fatalidade. Tenho certeza que todos que sofreram um pouco com a tragédia estão hoje muito mais fortes. Gosto de falar sobre isso para incentivar outra pessoas, e mostrar que a doação não é só pensando no outro, é receber também, e esse é um ponto importante, não é fazer por si, mas reconhecer e ser grato por aquilo que Deus lhe dá em troca. Isso é humildade e gratidão. Acho importante desmistificar essa cultura de “o que a mão direita faz a esquerda não sabe”, quanto é bom sabermos que ainda existe bondade no mundo, principalmente nas redes sociais, onde os discursos são tão calorosos e cheios de egoísmo. As vezes, saber que alguém fez da incentivo a outros a fazerem igual e o mundo fica um pouco mais caloroso a cada gesto.